O ESG é uma sigla que representa os critérios ambientais, sociais e de governança que são considerados são considerados no mercado de investimentos sustentáveis, ou chamados também de fundos verdes. Leia o nosso post e saiba mais!
Não existe uma empresa que não deseje crescer e a melhor maneira de fazer isso é através da adoção dos critérios ESG.
Os investidores, atualmente, não consideram apenas o lucro e a expansão da empresa nos últimos anos, mas também o seu impacto socioambiental.
Por isso, cada vez mais negócios estão buscando traçar uma política de adequação ambiental e social, aumentando as chances de receberem investimentos para que possam se desenvolver no mercado.
Só no Brasil, segundo o relatório “Inovação e ESG”, da consultoria ACE Cortex, divulgado na Forbes, 46% dos empreendedores e colaboradores de grandes companhias afirmam já existir programas de ESG em suas empresas.
As empresas perceberam então que a melhor maneira de aplicar o desenvolvimento sustentável é se guiar pelos pilares do ESG, que buscam a construção e valorização de organizações responsáveis ambiental e socialmente.
Continue lendo o nosso post e saiba mais sobre o environmental, social and corporate governance e a sua importância para as empresas e para o mercado brasileiro!
O que é environmental, social and corporate governance, o ESG?
O ESG é uma sigla que representa o termo em inglês environmental, social and corporate governance. Em tradução literal, seria algo como critérios ambientais, sociais e de governança corporativa.
Ela é amplamente utilizada dentro do mundo dos investimentos, representando um fator de análise para avaliar as empresas. Apesar de o termo estar em alta agora, ele foi criado em 2004 em uma publicação do Pacto Global em parceria com o Banco Mundial, chamada Who Cares Wins.
Antigamente, as empresas que buscavam investimentos focavam em divulgar o seu crescimento ao longo dos anos, o lucro e até mesmo a previsão de ampliação dos negócios.
A companhia que tivesse os melhores critérios era a que mais recebia verba de empreendedores que buscavam investir em novos negócios.
Se você empreende, sabe que atualmente, apenas essas métricas não são mais suficientes para determinar quem irá se destacar. É preciso analisar critérios que envolvam questões sociais, ambientais e de administração interna.
Assim, surgiu o ESG e o que é chamado de investimento ESG.
Eles representam os investimentos que consideram como a empresa lida com o meio-ambiente, como é o seu relacionamento com os colaboradores, clientes, comunidade, acionistas e executivos.
Isso representa um grande marco para o empreendedorismo, já que não basta ter lucro e boas previsões, é preciso ter consciência ambiental e social para crescer.
Desse modo, cada vez mais serão criados negócios que buscam ter um impacto positivo no mundo, o que é bom de forma geral e também para o consumidor final, que atualmente opta por empresas ecologicamente corretas.
Para se ter uma noção, uma pesquisa realizada pela Union e Webster mostrou que 87% dos consumidores brasileiros preferem comprar produtos e serviços de uma empresa sustentável.
E não para aí! 70% ainda afirmaram que não se importam em pagar um pouco mais por isso.
Portanto, o ESG veio para modificar o mundo empresarial e beneficiar a todos!
Quais são os pilares do ESG?
Como já falamos, o ESG se apoia em três pilares: o ambiental, o social e o de governança.
Dentro deles, existem alguns critérios que, normalmente, são considerados.
É importante ressaltar que esses levantados nos tópicos não são, necessariamente, válidos para todos os segmentos.
Enquanto uma indústria deverá ter mais preocupação com a emissão dos gases do efeito estufa, uma empresa de construção civil deverá focar na gestão de resíduos.
Deve-se analisar o que cabe, ou não, para área dentro de cada pilar.
Confira o que cada um significa e alguns exemplos!
O pilar ambiental do ESG
O pilar ambiental do ESG tem como objetivo analisar tudo que está relacionado com o impacto do negócio no meio-ambiente.
Isso vai tanto o lado positivo quanto negativo. Não basta apenas diminuir o seu impacto, é preciso ir além.
As empresas que contam com projetos ambientais, como plantar árvores e diminuir a produção de resíduos, por exemplo, ganham destaque entre as outras.
Além disso, também são comumente analisados:
- uso de recursos naturais,
- emissões de gases de efeito estufa,
- eficiência energética,
- poluição,
- gestão de resíduos e logística reversa.
Segundo a pesquisa da consultoria ACE CORTEX, lançada em 2021, – que mapeou 343 startups que desenvolvem soluções relacionadas ao ESG no Brasil – 180 delas atuam principalmente no segmento de meio ambiente, representando 52,4%.
Nesse nicho há ainda a classificação das Cleantechs ou “Startups Verdes”, que podem ser definidas como empresas inovadoras e sustentáveis que utilizam tecnologia limpa para aprimorar a produtividade, performance, operação e eficiência de determinado cliente ao mesmo tempo em que ajudam a reduzir custos, facilitar processos e diminuir desperdícios.
A eureciclo também faz parte desse segmento e inclusive, em 2020, foi a única startup brasileira selecionada a integrar a lista 50 to Watch, do Cleantech Group.
O pilar social do ESG
Os fatores sociais estão diretamente ligados com os ambientais e vão ainda além.
Em relação ao uso de recursos naturais, por exemplo, não se considera apenas a sua origem, mas também a mão de obra utilizada.
Não basta os insumos utilizados serem ecológicos, eles precisam vir de empresas que contratem e paguem pelo serviço dos seus colaboradores de maneira correta e justa.
Não há mais espaço para organizações que utilizam mão de obra escrava ou infantil!
Além disso, ainda é considerado a forma que a marca se relaciona com os seus colaboradores, se há a valorização deles e até mesmo se a equipe é inclusiva e diversa.
Ainda é considerado o fator comunitário, buscando conhecer se a empresa auxilia os moradores locais e qual é a sua relação com eles.
Dentro do contexto da discussão atual sobre o uso de dados digitais, o que foi motivado no Brasil pela implementação da LGPD, também são consideradas a privacidade e a proteção de dados dos clientes.
Infelizmente, está cada vez mais comum encontrarmos casos de empresas que vendem os nossos dados para lucrar, sem pensar no bem-estar ou nas consequências de suas ações.
O pilar dos fatores sociais considera tudo isso e busca modificar os processos para que os negócios sejam mais impactantes socialmente.
Essa nova perspectiva foi confirmada pelo relatório Inovação e ESG, que cita que 130 das 342 startups participantes da pesquisa possuem negócios relacionados ao impacto social. Esse número, que representa 38%, diz respeito principalmente de edutechs, healthtechs e startups de cybersecurity, setores mais aquecidos em 2021 e que prometem trazer inovações positivas para as pessoas e empresas.
O pilar de governança do ESG
Os fatores de governança corporativa também são considerados no ESG.
São analisadas diversas questões, como:
- ética e transparência da empresa,
- independência do conselho,
- remuneração da administração,
- inclusão e diversidade dentro da administração,
- estrutura empresarial.
Assim como já falamos do pilar social, os fatores de governança também estão diretamente ligados com os outros.
Não é possível uma empresa cumprir os critérios sociais, por exemplo, sem ser transparente e ética.
Uma governança com más escolhas pode levar a escândalos de corrupção e gerar prejuízos financeiros e sociais para os seus stakeholders.
Diante da pesquisa realizada pela ACE Cortex, fica claro que a governança corporativa é intrínseca às empresas, a partir de temas como governança, compliance e transparência. Das 343 startups entrevistadas 33 delas desenvolvem soluções de governança – menos de 10% do total.
Apesar de serem separados em três pilares, todos eles estão diretamente ligados e, em algumas situações, pode ser até difícil fazer a separação entre eles.
É preciso pensar como um todo, focando no ambiental, no social e na governança.
Como o ESG é aplicado no Brasil e no mundo?
Um dos últimos grandes estudos relativos ao ESG foi realizado em 2018, pela Global Sustainable Investment Alliance, empresa colaborativa que analisa os investimentos sustentáveis.
Nessa pesquisa é ressaltado como o ESG cresceu 34% entre 2016 e 2018 ao redor do mundo.
Ainda destaca que as regiões que mais investem nessa área são:
- Europa: aumento de 11% entre 2016 e 2018,
- Estados Unidos: aumento de 38% entre 2016 e 2018,
- Canadá: aumento de 42% entre 2016 e 2018,
- Austrália: aumento de 46% entre 2016 e 2018,
- Japão: aumento de 307% entre 2016 e 2018.
Um outro estudo mais recente foi lançado em 2021 pelo Chief Executives for Corporate Purpose (CECP), coalizão internacional de líderes ESG. O levantamento Global Impact at Scale: Corporate Action on ESG Issues and Social Investments 2020 contou com a participação de quase 200 empresas de 23 países, que juntas têm receita média de 8 bilhões de dólares, segundo a Revista Exame Invest.
De acordo com a pesquisa, a estratégia ESG está impactando níveis cada vez mais altos dentro das companhias. Para 59% das companhias entrevistadas, a discussão passará para níveis mais seniores ainda nos próximos dois anos.
Já na América Latina, o LatinSIF é o responsável por promover o investimento sustentável.
Ele foi criado em 2013 e atua em 5 países: Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru.
Por aqui, desde 2018 são feitas mudanças para incentivar o investimento sustentável. Podemos destacar:
- possibilidade de filtrar as empresas com “título verde” na bolsa de valores brasileira, a B3,
- lançamento do índice S&P/B3 Brasil ESG,
- discussão do tema em eventos nacionais, como a BRASA talks.
Isso é apenas uma pequena amostra que comprova bem o crescimento do tema no território nacional.
Na pesquisa da Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil), realizada em 2021 com 178 líderes empresariais do país, isso fica evidente com a informação de que 95% informaram já terem iniciado algum nível de engajamento e ações sustentáveis da companhia, sendo que 68% já reconhecem benefícios diretos dessa agenda no negócio.
Contudo, há ainda um caminho a ser trilhado. Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, a ANBIMA, mostra que apesar de grande parte dos gestores considerarem questões ESG para os seus negócios, apenas 11% contam com uma área específica para isso.
Também vale destacar que apenas 18% contam com funcionários diretamente envolvidos e, mais importante ainda, somente 5% têm um comitê para avaliar investimentos ESG.
Durante as entrevistas, ao serem perguntados se a empresa que trabalham conta com uma política de investimento responsável ou um documento que formalize a abordagem, as respostas foram:
- 21,36% afirmam que contam com uma política específica sobre investimento responsável,
- 27,18% afirmam que há um documento geral da empresa sobre o tema,
- 20,39% afirmam que não, mas que está em desenvolvimento,
- 31,07% afirmam que não.
Apesar dos dados mostrarem a evolução do ESG ao longo dos anos, ainda temos um grande percurso para percorrer, que deverá iniciar na adaptação dos processos das companhias e na conscientização dos empreendedores brasileiros.
Na pesquisa da Amcham, por exemplo, dos 95% engajados na pauta de ESG, 37% já estão operando em planejamento ativo, mas ainda estão mapeando todos os pontos a serem trabalhados; 31% avaliam já ter um engajamento integrado ao negócio, e 26% vêm construindo engajamento no tema.
A importância do ESG para as empresas
Como já falamos anteriormente, as empresas que desejam novos investidores não devem apenas focar no seu lucro e crescimento ao longo dos anos, mas também no ESG.
Isso passa a ser um critério que é considerado por muitos empreendedores e pode ser o grande diferencial dos negócios.
Para entender mais sobre isso, é preciso compreender sobre a estratégia no processo de investimento sustentável.
Existem, basicamente, seis tipos que você deve conhecer:
Best-in-class: segundo a ANBIMA, 46,91% dos investidores utilizam essa estratégia, que consiste no ranqueamento das empresas e a melhor leva os investimentos,
Filtros negativos: 41,98% dos investidores excluem de investimentos as organizações que ferem critérios sustentáveis específicos, os retirando da sua lista,
Integração no valuation: 22,22% dos investidores buscam incorporar fatores sustentáveis para capturar os impactos no futuro da companhia,
Filtros positivos: 13,58% selecionam seus investimentos pensando em negócios que sejam exemplos em ESG,
Investimentos de impacto: 19,75% investem buscando a resolução de problemas pré-existentes, focando tanto na melhoria socioambiental quanto no retorno financeiro,
Engajamento corporativo: 11,11% utilizam a participação acionária dos investidores para influenciar os empreendimentos a adotarem práticas sustentáveis.
Dessa forma, fica evidente que a importância da adequação está na inclusão da companhia nas estratégias de investimento, possibilitando o crescimento da mesma.
Como as empresas no Brasil estão hoje nesse processo?
As empresas brasileiras estão buscando se adaptar e cumprir nos novos critérios sustentáveis.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, apenas 4,1% de todas as empresas publicaram relatórios de sustentabilidade entre os anos de 2015 a 2017.
Mas o cenário não está tão negativo assim!
O movimento é impulsionado pela tendência global. Conforme a pesquisa do CECP, 72% das companhias globalmente aumentaram a quantidade de relatórios socioambientais quando comparado ao total de 2019
No país, ainda segundo o IBGE, houve grandes mudanças relacionadas à inovação e à sustentabilidade, com destaque para os seguintes processos, seguido da porcentagem de empresas que modificaram essas atividades internamente:
- reciclagem de resíduos, águas residuais ou materiais para vendas: 57,9%,
- redução da contaminação a água, solo, de ruído ou ar: 51,3%
- substituição, parcial ou total, de matérias-primas por outras menos contaminantes ou perigosas: 37,7%,
- redução da produção total de CO₂: 33,1%,
- substituição, parcial ou total, da energia proveniente de combustíveis fósseis por fontes de energia renováveis: 17,2%.
Esses dados mostram que, apesar de ainda haver muitas mudanças necessárias, as empresas já estão se adequando e tendo um impacto positivo no meio-ambiente.
O relatório ainda detalha o que levou cada setor a fazer essas modificações. No setor de eletricidade e gás, por exemplo, 82,1% das companhias afirmaram estar seguindo a nova demanda do mercado e 81,7% relacionaram com a reputação da marca.
Já no setor de indústria, 60,6% afirmam ter relação com a reputação, 53,9% informam que foi por questões de boas práticas e 46,6% declaram que as mudanças foram feitas para cumprir com normas ambientais existentes.
Vale destacar que dentro dos fatores listados, o apoio governamental foi um dos que menos foi citado. Isso mostra que, apesar de haver um apoio por parte do governo, ainda faltam incentivos para as organizações possam ser mais ecológicas.
O relatório ainda traz dados muito interessantes e reflexões válidas em relação ao atual cenário da inovação e sustentabilidade. Recomendamos a sua leitura, é só clicar aqui!
Qual futuro das empresas que não são ESG?
As empresas que não se adequarem ao ESG sofrerão bastante economicamente, podendo não apenas perder os investidores atuais, como também não ter novos investimentos por longos períodos.
Mas é preciso entender que não há razão para ir contra esse movimento sustentável e social.
Os empreendimentos ESG, além de terem um destaque maior no mercado e receberem mais verbas, ainda conseguirão ter um impacto real no meio-ambiente.
Por mais que as mudanças individuais façam a diferença, são as empresas que realmente utilizam mais recursos naturais e, infelizmente, em alguns casos não realizam práticas responsáveis.
Por isso, é preciso ver esse processo como algo natural, que irá acontecer de qualquer maneira, mas buscar acelerá-lo para que o seu negócio possa ter uma chance real no mercado, sem ficar para trás.
Além disso, apesar do ESG ter como foco empresas de médio e grande porte, que fazem parte da bolsa de valores, o mesmo processo pode ser realizado pelas pequenas que desejam e visam o crescimento.
Através do estabelecimento de políticas ambientais corretas é possível se destacar, crescer e, quando alcançar um porte médio, por exemplo, não será preciso se adequar a todos os processos.
Esperamos que esse conteúdo tenha ajudado você a entender mais sobre o ESG e que sua empresa comece a traçar novas políticas sociais, ambientais e de governança.
Aproveitamos e convidamos você para continuar a leitura com o post Como a sustentabilidade pode gerar valor para o seu negócio!
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