O que é economia regenerativa e por que ela é o próximo passo da sustentabilidade

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O que é economia regenerativa e por que ela é o próximo passo da sustentabilidade

A crise climática, a escassez de recursos naturais e a desigualdade social escancararam os limites do nosso modelo atual de desenvolvimento. 

Nos últimos anos, surgiram diversas propostas para transformar esse cenário, entre elas, a mais promissora talvez seja a economia regenerativa.

Mais do que reduzir impactos, essa abordagem propõe restaurar, revitalizar e fortalecer os sistemas naturais e sociais que sustentam a vida no planeta

Neste artigo, vamos explorar esse conceito, apresentar os princípios que norteiam essa ideia e mostrar como ela já está sendo aplicada em diferentes setores, inclusive no Brasil. Continue lendo!

O que é economia regenerativa?

A economia regenerativa é um modelo econômico que vai além da sustentabilidade.

Enquanto a sustentabilidade busca manter o equilíbrio e minimizar os danos, a economia regenerativa se baseia em restaurar e regenerar ecossistemas, comunidades e economias locais., basicamente, transformar os nossos recursos atuais em soluções para um futuro cada vez mais sustentável. 

Ela reconhece que os sistemas vivos como o solo, a água, o ar e até as relações sociais são dinâmicos, interdependentes e precisam ser nutridos constantemente. 

Assim, propõe um modelo que não apenas respeita os limites do planeta, mas atua ativamente para curar os danos causados pelas atividades humanas.

Essa abordagem integra valores ecológicos, sociais e éticos, olhando para os recursos naturais como algo que deve ser cultivado, e não somente explorado.

Da economia linear à regenerativa

Historicamente, nossa economia seguiu o modelo linear: extrair, produzir, consumir e descartar. Essa lógica, apesar de eficiente no curto prazo, levou ao esgotamento de recursos, acúmulo de resíduos e aumento das desigualdades.

Recentemente, surgiu o modelo de economia circular, que propõe fechar ciclos, eliminando o conceito de lixo e promovendo o reaproveitamento contínuo de recursos.

A economia regenerativa dá mais um passo: não basta reduzir impactos ou recircular recursos, é preciso regenerar o que foi degradado.

Ou seja, se a economia linear consome, a circular reaproveita, e a regenerativa devolve vida aos sistemas naturais.

Essa nova lógica é, portanto, uma resposta mais robusta e ambiciosa diante dos desafios do século XXI, e se conecta diretamente aos conceitos de sustentabilidade ambiental.

Economia regenerativa: 8 princípios fundamentais

A economia regenerativa é guiada por um conjunto de valores e práticas que promovem a vida em todas as suas formas.

Segundo o Capital Institute, uma das principais referências sobre o tema, a economia regenerativa é baseada em 8 princípios interdependentes.

Esses princípios funcionam como um mapa para reconstruir relações mais saudáveis com o planeta e entre nós mesmos.

  1. Integração com os sistemas vivos
    Entende a economia como parte da natureza, e não separada dela.
  2. Relacionalidade
    Valoriza as conexões e interdependências entre indivíduos, comunidades, empresas e ecossistemas.
  3. Inovação e adaptação contínuas
    Estimula mudanças dinâmicas, criativas e resilientes.
  4. Valor agregado distribuído
    Busca redistribuição justa de recursos e oportunidades.
  5. Transparência e empoderamento
    Promove responsabilidade e engajamento de todos os envolvidos.
  6. Diversidade e inclusão
    Reconhece a riqueza das múltiplas culturas, saberes e ecossistemas.
  7. Resiliência
    Fortalece a capacidade de sistemas sociais e naturais de responder a crises.
  8. Honrar a essência da vida
    Prioriza o bem-estar coletivo e a harmonia entre seres humanos e natureza.

Como funciona o design regenerativo?

O design regenerativo é uma das ferramentas mais importantes da economia regenerativa. 

Ele parte do entendimento de que tudo o que criamos (produtos, edifícios, cidades e processos) pode ser desenhado para regenerar sistemas.

Na prática, isso significa usar materiais locais e renováveis, respeitar a biodiversidade, incluir as comunidades no processo, gerar impactos positivos e criar soluções que deixem um legado ambiental e social duradouro.

É uma mudança profunda: o design deixa de ser apenas funcional ou sustentável e passa a ser um agente de transformação positiva no planeta.

Economia regenerativa: exemplos no Brasil e no mundo

Embora o conceito ainda seja recente, diversas iniciativas ao redor do mundo já colocam em prática os princípios da economia regenerativa. 

Alguns exemplos incluem:

  • Agricultura regenerativa: que vai além do orgânico, buscando restaurar a saúde do solo, aumentar a biodiversidade e capturar carbono.
  • Empresas B e negócios de impacto: que operam com propósito social e ambiental no centro da sua estratégia.
  • Bioarquitetura e urbanismo regenerativo: que promovem construções com menor impacto e maior conexão com o ambiente local.
  • Iniciativas de logística reversa, como as promovidas pela eureciclo, que transformam resíduos em insumos para novas cadeias produtivas. Saiba mais sobre a importância da logística reversa para o meio ambiente!

Essas práticas mostram que é possível gerar valor econômico cuidando do meio ambiente e das pessoas.

Regeneration economics: o movimento global por uma nova economia

O termo regeneration economics tem ganhado força em debates internacionais sobre o futuro da economia. 

Ele representa um movimento global que questiona os modelos extrativistas e propõe uma nova ética para os negócios e para a política econômica.

No Brasil, a discussão ainda é incipiente, mas cresce à medida que empresas e organizações reconhecem a necessidade de uma transição real, e não apenas cosmética.

Economia circular regenerativa: uma união possível?

Sim! Embora diferentes, a economia circular e a regenerativa não são excludentes, na verdade, elas se complementam.

Enquanto a economia circular trabalha para eliminar o desperdício e manter o valor dos recursos em uso, a economia regenerativa adiciona uma camada: garantir que todo o processo gere impactos positivos nos sistemas naturais e sociais.

Esse modelo híbrido, chamado por alguns especialistas de economia circular regenerativa, vem sendo aplicado por organizações que desejam ir além do compliance ambiental e realmente gerar transformação.

A lógica é simples: não basta manter o que temos, é hora de restaurar o que perdemos.

Leia também: Como os Certificados de Crédito de Reciclagem agregam para iniciativas sustentáveis

Como empresas podem aplicar os princípios da economia regenerativa?

Empresas que desejam embarcar nessa nova lógica podem começar com passos simples e evolutivos, como:

  • Mapear o impacto ambiental e social de seus produtos e processos;
  • Reduzir o uso de recursos naturais e adotar matérias-primas renováveis;
  • Investir em parcerias com fornecedores locais e iniciativas comunitárias;
  • Engajar consumidores e colaboradores na construção de soluções coletivas;
  • Atuar de forma transparente e com propósito, integrando impacto positivo à estratégia de negócio.

Além disso, é fundamental acompanhar legislações e políticas públicas, como a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que estabelece diretrizes para a responsabilidade compartilhada na cadeia produtiva.

A eureciclo na transição para uma economia regenerativa

A eureciclo atua exatamente onde a economia regenerativa propõe mudanças: na forma como lidamos com os resíduos, os recursos e os impactos de nossos hábitos de consumo.

Por meio da logística reversa e da compensação ambiental de embalagens, viabilizamos que resíduos voltem ao ciclo produtivo, fortalecendo a economia circular e reduzindo a pressão sobre o meio ambiente.

É uma atuação prática, mensurável e escalável, que contribui diretamente para transformar o sistema produtivo em um modelo mais regenerativo, justo e colaborativo.

Regenerar não é mais uma escolha, é o próximo passo. E ele começa agora, vamos juntos?

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