O Brasil produziu 80,96 milhões de toneladas de resíduos sólidos em 2023, uma média de 382 kg por pessoa, o que supera os 380 kg registrados no ano anterior.
Os dados fazem parte do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2024, um estudo conduzido pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), que detalha os desafios e avanços na gestão de resíduos no país.
Destinação final: contradições
Do total de resíduos gerados, cerca de 69,3 milhões de toneladas (85,6%) foram encaminhadas para disposição final, seja em aterros sanitários ambientalmente adequados ou em lixões e aterros controlados, que representam opções inadequadas.
Mesmo com a determinação da Política Nacional de Resíduos Sólidos para erradicar os lixões até agosto de 2024, o Brasil ainda enfrenta desafios significativos.
• Resíduos em lixões: Aproximadamente 41% (28,7 milhões de toneladas) foram destinados a lixões, terrenos baldios ou cursos d’água, comprometendo o meio ambiente e a saúde pública.
• Aterros sanitários: 58,5% (40,5 milhões de toneladas) foram enviados a aterros sanitários regulares.
Avanço da reciclagem e o papel dos catadores
Uma boa notícia é que o índice de reciclagem no Brasil dobrou de 2022 para 2023, passando de 3,5% para 8% do total de resíduos.
Esses avanços reforçam a importância de integrar os catadores nas políticas públicas para gestão de resíduos.
Desigualdades regionais na gestão de resíduos
O Panorama destaca desigualdades na gestão de resíduos entre as regiões brasileiras:
• Melhores índices: Sudeste e Sul destinam mais de 67% dos resíduos para aterros sanitários adequados.
• Piores índices: No Norte, apenas 38% dos resíduos recebem o mesmo tipo de destinação.
Na coleta seletiva, as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste superam a média nacional, enquanto Norte e Nordeste apresentam lacunas significativas.
Biocombustíveis: oportunidade para o meio ambiente
Outro destaque do estudo é o potencial de transformação de resíduos orgânicos em biocombustíveis. O biometano, gerado pela decomposição de matéria orgânica em aterros sanitários, pode substituir combustíveis fósseis e reduzir emissões de gases de efeito estufa.
Se todas as cidades brasileiras com mais de 320 mil habitantes implementassem aterros sanitários com planta de biometano, seria possível produzir até 2,86 milhões de Nm³ de biometano diariamente, cinco vezes a capacidade atual.
Um chamado à ação
O Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2024 reforça a urgência de soluções sustentáveis para a gestão de resíduos. Investir em aterros sanitários, reciclagem e produção de biocombustíveis é fundamental para mitigar impactos ambientais, reduzir emissões e promover a saúde pública.
É essencial que governo, setor privado e sociedade civil trabalhem juntos para transformar esse cenário, cumprindo metas ambientais e garantindo um futuro mais sustentável para o Brasil.